Bouças

Concelho extinto de Bouças
Extinção do concelho 6 de maio de 1909
Sede(s) do concelho Matosinhos
Antigos Concelhos de Portugal

Bouças foi um antigo concelho português que em passou a ser definitivamente designado por concelho de Matosinhos a partir de 1909. Continha, inicialmente, as freguesias de Bouças de Matosinhos, Guifões, Leça da Palmeira, Lordelo do Ouro, Nevogilde e Ramalde.

Número de fogos
em 1836[1]
Freguesia Fogos
Bouças de Matosinhos 500
Guifões 120
Leça da Palmeira 329
Nevogilde 28
Ramalde 492
Aldoar 75
Custóias 154
Infesta 300
Leça do Balio 292
Santa Cruz do Bispo 141
Lavra 300
Perafita 160
Paranhos 496
Total 3387

Com a reforma administrativa promovida pelo Decreto de 6 de novembro de 1836, foram anexadas ao concelho as freguesias de Aldoar, Custóias, Infesta, Leça do Balio, Santa Cruz do Bispo, Lavra e Perafita, pertencentes ao extinto concelho de Leça do Balio, e a freguesia de Paranhos, pertencente ao concelho da Maia, enquanto que lhe foi desanexada a freguesia de Lordelo do Ouro que passou a integrar o concelho do Porto.[1] A Carta de Lei de 27 de setembro de 1837 transferiu a freguesia de Paranhos para o concelho do Porto.[2] A freguesia de Labruge foi transferida de Vila do Conde para Bouças com o Decreto de 24 de outubro de 1855,[3] mas foi transferida de volta, por pedido da maioria dos eleitores, com Decreto de 18 de outubro de 1871.[4]

A 17 de junho de 1856, o surto de cólera morbus que atacava o país deu entrada no concelho, registando-se 239 casos, incluindo o do médico Manuel Domingues dos Santos, e 154 mortes, fazendo maiores estragos na freguesia de Lavra. Os depósitos de algas e sargaços usados para adubo foram apontados como causa da propagação da epidemia na vila de Matosinhos, enquanto que em Lavra a presença de terrenos pantanosos facilitaria a presença de febres intermitentes como a febre tifoide que já tinha atacado a freguesia.[5] O Relatório à epidemia encomendado ao Conselho de Saúde Pública do Reino, publicado a 1858, indicava ainda que o concelho tinha 13 mil habitantes dedicados quase exclusivamente à lavoura, com a excepção das zonas costeiras onde a população era pesqueira e onde se formavam marinheiros para viagens de longa distância.[5]

Foi extinto em 1867, sendo criado o concelho de Matosinhos, mas foi restaurado vinte dias depois voltando à organização anterior.

O Diccionario de Geographia Universal, datado de 1878, indica que o concelho tinha a vila de Matosinhos como sede e era composto por 12 freguesias com um total de 17 320 habitantes. Destaca a produção de cereais, legumes e vinhos feita no solo muito fértil, e a presença de excelentes salinas. O concelho contava com 12 ferreiros, 26 moleiros, 19 tecelões e três fábricas de telha. Contava ainda com sete escolas masculinas e duas femininas.[6]

A 6 de maio de 1909 foi extinto definitivamente para ser criado o concelho de Matosinhos, por este lugar ser mais importante que o de Bouças.

Referências

  1. a b «Nova organização dos distritos Administrativos do Reino : Decreto de 6 de Novembro de 1836». Arquivo Municipal do Porto. 24 de dezembro de 1836. pp. 181–185 
  2. Collecção de Leis e outros Documentos Officiaes publicados no 2.º Semestre de 1837. Lisboa: Imprensa Nacional. 1837. p. 136. §. 11.º A Freguezia de Paranhos, actualmente incorporada no Concelho de Bouças, no Districto Administrativo do Porto, annexar-se-ha ao Concelho do Porto, no Districto Administrativo desta Cidade. 
  3. José Maximo de Castro Neto Leite e Vasconcellos (1856). Collecção Official da Legislação Portugueza do Anno 1855. Lisboa: Imprensa Nacional. p. 366-367. Concelho de Bouças --- As mesmas [freguesias dos julgados e concelhos] que tinha, e mais a de Labruge, desannexada do Julgado de Villa do Conde. 
  4. Collecção Official da Legislação Portugueza Anno de 1871. Lisboa: Imprensa Nacional. 1872. p. 285. Hei por bem, conformando-me com o parecer dos fiscaes da corôa e fazenda, em conferencia, ordenar que a freguezia de S. Thiago de Labruge, do concelho de Bouças, fique pertencendo para todos os effeitos administrativos, judiciaes, ecclesiasticos e de fazenda, ao concelho de Villa do Conde. 
  5. a b Portugal Conselho de Saude Publica do Reino (1858). Relatorio da epidemia de cholera-morbus em Portugal: nos annos 1855 e 1856. [S.l.]: Imprensa nacional. 108 páginas 
  6. Diccionario de Geographia Universal. [S.l.]: D. Corazzi. 1878. 511 páginas 
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